O Rio Grande do Norte há tempos desponta como protagonista da energia eólica no Brasil. Suas condições naturais, clima e posição geográfica garantiram ao estado grande número de parques eólicos em terra, consolidando-o como o principal centro de geração eólica do país. Esse protagonismo começou com a exploração onshore e agora se expande para uma ambição ainda maior: aproveitar o vento no mar, explorando o potencial offshore. A transição representa não apenas continuidade no uso de uma fonte limpa, mas uma chance de transformar o perfil energético e econômico do estado.
A capacidade de geração avaliada para áreas marítimas potigua quase dobrar o que se encontrava estimado há décadas, mostrando que o litoral potiguar esconde um “oásis” de vento que poderia abastecer uma parcela enorme da demanda nacional. Áreas no Litoral Norte despontam como as mais promissoras, com profundidades e ventos ideais para instalação de turbinas oceânicas. Esse potencial colocado à mesa muda o horizonte energético e traz a possibilidade real de o estado se tornar referência também na geração offshore.
Nos últimos anos o estado tem se mobilizado para dar forma a essa ambição. Instituições e órgãos governamentais locais firmaram parcerias com empresas do setor e tecnologia internacional para viabilizar os primeiros projetos-piloto. A intenção é que o Rio Grande do Norte lidere a implantação da primeira usina eólica no mar do país, abrindo caminho para que o offshore deixe de ser promessa e vire produção concreta. Esse movimento combina investimento, regulação e planejamento técnico — fatores essenciais para consolidar uma nova fronteira energética.
A transição para eólica offshore também pode representar um salto em geração de empregos e desenvolvimento industrial. Montagens, manutenção, logística portuária e cadeia de fornecedores podem trazer novos postos de trabalho e fortalecer a economia local. O estado teria a chance de diversificar sua economia, atraindo investimentos e qualificando mão de obra especializada, além de promover inovação nas tecnologias de energia renovável. Essa combinação de riqueza ambiental e oportunidade econômica faz do Rio Grande do Norte um polo estratégico para a transição energética do Brasil.
Outro ponto relevante é a sustentabilidade e a independência energética. Com o aumento da capacidade de geração a partir do vento, o estado reforça seu papel na matriz limpa nacional, reduzindo dependência de fontes fósseis e contribuindo com metas ambientais e de energia renovável. A estabilidade e previsibilidade do vento no litoral favorecem a confiabilidade da produção, o que torna a energia eólica offshore uma aposta estratégica não apenas para o estado, mas para o país como um todo.
A infraestrutura de suporte também está sendo planejada. O estado discute a construção de portos e sistemas logísticos dedicados à eólica offshore, estruturando toda uma base de apoio para a nova fase de geração. Isso demonstra visão de longo prazo: não se trata apenas de erguer turbinas no mar, mas de construir uma cadeia robusta que inclua transporte, instalação, manutenção e produção sustentável. Essa logística prepara o terreno para que os projetos saiam do papel e se tornem parte do cotidiano energético.
Mas os desafios não são pequenos. A implantação offshore exige regulação ambiental rigorosa, investimento elevado, planejamento cuidadoso e adaptação à realidade costeira. Será preciso garantir que os impactos no mar e nas comunidades costeiras sejam estudados e bem gerenciados. Também será necessário um compromisso com segurança, tecnologia e responsabilidade socioambiental para que os benefícios superem os riscos naturais e sociais envolvidos.
Mesmo com esses desafios, o futuro parece promissor para o Rio Grande do Norte. A combinação entre recursos naturais favoráveis, capacidade técnica crescente e vontade política cria um cenário otimista. Se os planos forem bem executados, o estado poderá consolidar sua liderança em energia eólica — agora também no mar — e contribuir decisivamente para um Brasil mais sustentável e menos dependente de combustíveis fósseis.
Autor: Ivan Kalashnikov


