O Rio Grande do Norte mostra uma consistência notável em sua orientação política ao longo deste século, confirmando-se como um estado com forte influência do lulismo. Desde 2002, todas as eleições presidenciais foram vencidas pelo presidente Lula da Silva e pelo PT, consolidando o partido como a força dominante na política potiguar. Essa predominância se reflete também nas disputas pelo governo estadual, onde os candidatos apoiados por Lula garantiram a maior parte das vitórias nas urnas, com exceção de um único revés.
Essa trajetória começou a se desenhar com o apoio decisivo de Lula à candidatura de Wilma de Faria em 2002. A influência do ex-presidente foi fundamental para garantir uma vitória expressiva no segundo turno, quando Wilma abriu uma vantagem confortável sobre o então governador Fernando Freire. Naquele ano, o candidato do PT, Ruy Pereira, não conseguiu avançar além do quarto lugar, mas o lulismo já demonstrava força nas alianças estratégicas que moldariam o futuro político do estado.
A consolidação do lulismo no Rio Grande do Norte ganhou força em 2006, quando Wilma de Faria foi oficialmente a candidata apoiada por Lula em ambas as etapas da eleição. A vitória contra Garibaldi Alves Filho, do PMDB, marcou um momento importante para o PT, que já começava a definir seu domínio no cenário estadual, mesmo enfrentando adversários tradicionais e com bases políticas sólidas.
A exceção aconteceu em 2010, ano em que o lulismo sofreu uma derrota inesperada com Rosalba Ciarlini, do DEM, que venceu Iberê Ferreira de Souza, do PSB, logo no primeiro turno. Esse resultado isolado, porém, não abalou a hegemonia que o PT vinha construindo no estado e nem indicou uma tendência de mudança duradoura no comportamento eleitoral do Rio Grande do Norte.
Em 2014, a hegemonia lulista foi retomada com vigor, quando Robinson Faria, com o apoio do PT, superou Henrique Alves, do PMDB, que apesar de se declarar candidato de Lula, estava alinhado ao campo conservador. Essa vitória reafirmou a força do lulismo, que continuou a influenciar decisivamente as eleições estaduais, moldando o perfil político da região.
A eleição de Fátima Bezerra em 2018 foi outro marco na história política potiguar. Ela conquistou a maior votação já registrada para o governo do Rio Grande do Norte, demonstrando o poder de mobilização do lulismo e sua capacidade de atrair amplo apoio popular. Sua reeleição em 2022 reforçou ainda mais essa liderança, com uma vitória histórica que ampliou a distância para o segundo colocado, consolidando seu mandato.
Com as eleições de 2026 se aproximando, a direita aposta na repetição do cenário de 2010 para tentar romper o ciclo lulista. Contudo, a trajetória do Rio Grande do Norte indica que o lulismo permanece uma força política sólida e influente, capaz de manter a liderança no comando do estado. A história recente mostra que qualquer tentativa de mudança terá que enfrentar uma base eleitoral consolidada e fiel ao projeto político do PT.
Assim, o Rio Grande do Norte se mantém como um exemplo claro de reduto lulista, onde as eleições refletem a continuidade de um projeto político que vem moldando o desenvolvimento e a gestão pública da região. A força do lulismo não apenas venceu disputas, mas se tornou um elemento central da identidade política do estado neste século.
Autor: Ivan Kalashnikov